Adormecida
Venho ao mesmo lugar em que estou para dizer do que sempre soube. O sentido de não estar nunca além de si mesma, categorizada e presente. O presente serpenteia por entre os dedos e destrói a memória imaginária de uma vida improvável. Eu seria a rainha, a mulher tempestuosa e a amante servil. A mágoa pintou o rosto e veio em sua delicadeza me cobrir o corpo nu, me alimentar de escuridão e amor bruto e me pentear os cabelos. E me acalantou com a canção lacrimosa que compus enquanto viva. Canção feita de silêncios e brilhos e cicatrizes de noites de amor. O sublime veio à minha porta para me dar de beber o sangue de mil soldados mortos e,então, pertenci a cada um deles em suas mortes. Refeita, adormeci em abismos e acordei neste mesmo lugar.
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