Wednesday, August 15, 2007

SUPERNOVA

- Te disse que viria aqui pela última vez, eu disse...não sei . acaso você não estaria me esperando? eu te disse que tentei ficar longe e fugi de você o quanto eu pude. sabe, eu tenho medo...medo de que eu seja aquilo que realmente você previu que eu seria. e por isso, me veio este impulso de proteção. eu te evitei. e tanto e tão forte. eu busquei a superfície de tudo, o raso sem-dor...tenho vivido esta vida de ser boa e você não acreditaria o quão boa me tornei eu não ser eu mesma. eu te disse que fugiria de mim, não disse? sei, mais do que nunca, que nada do que está à minha volta é responsável por aquilo que trago dentro do peito...nada. e você sempre soube disso, não é mesmo? mas é que eu estava tentando travestir minha alma, encaixá-la na superfície-como eu desejei poder respirar. mas não. é chegada a hora de ser. e serei. feliz. no processo. serei feliz no momento. muito feliz. feliz com os pés no chão. feliz no raso e no profundo. acaso já não disse? é que precisava vir aqui mais uma vez...antes da metamorfose. deixar fragmentos com você para que eu possa me reencontrar quando for nova. cintilante. quando for nova e cintilante, quero que você me fale da outra, que foi velha antes que eu viesse, bem antes mesmo de supor que poderia ser fresca. quero que você me mostre essa mulher que fui antes de mim. para que eu possa voltar aqui. mais uma vez. e te encontrar. e poder te dizer que a supernova virá agora, ainda mais cintilante. para que você me apresente aquela que foi fresca antes mesmo de mim. para que eu possa recordá-la no abismo das outras diversas que vagam incessantemente por dentro, como aquelas que me abandonaram para se abrigarem em seu peito. tal qual você me disse que haveria de ser. assim.